Lesões
são parte recorrente do MMA. A notícia de um atleta machucado pode
afetar um card ou mudar o rumo de toda uma divisão de peso, mas
ninguém entende quanto uma lesão afeta uma carreira melhor do que
Dominick Cruz.
Ex-campeão
peso-galo do WEC e primeiro dono do cinturão da categoria no UFC, o
norte-americano travou uma longa batalha contra uma série de lesões
que o deixaram afastado do octógono durante anos. Agora, ele tenta
retomar a coroa em luta contra TJ Dillashaw - atleta que, de acordo
com muitos fãs e especialistas, tem o estilo de combate bastante
similar ao do ex-campeão.
Leia
também: A trajetória de Dominick Cruz | Dillashaw - De derrotado no
TUF a campeão | Raphael Assunção assume torcida por Dillashaw
Em
conversa com o UFC Brasil, Cruz admitiu que a comparação é válida,
e não deixou de alfinetar o rival por "copiar" alguns de
seus movimentos.
"Me
sinto elogiado por ele ter tirado tantas coisas do meu estilo para
virar campeão. Não lutamos exatamente do mesmo jeito, mas ele
entendeu os fundamentos do movimento e combinações. Tirou algumas
coisas do meu estilo, e adicionou isso ao arsenal dele quando me
machuquei. Não há dúvidas de que ele pegou, mas ainda lutamos de
um jeito diferente, e isso vai ficar claro na hora da luta",
afirmou.
Desde
que Cruz perdeu o posto de campeão linear, em 2014, a divisão
passou por algumas mudanças. Além de o cinturão ter trocado de
mãos duas vezes, indo de Renan Barão a TJ Dillashaw, o topo da
categoria agora é composto por outros nomes. O norte-americano
reconheceu o novo cenário, e até apontou a grande promessa
brasileira, Thomas Almeida, como uma possível ameaça no nível mais
alto até 61kg.
"Acho
que ele tem as ferramentas para chegar ao topo, mas precisa ser mais
testado contra outros estilos, e digo isso porque isso é importante
para manter o cinturão. Ao longo da carreira, ele vai passar por
todos os estilos. Temos muitos wrestlers de alto nível na categoria,
e gostaria de ver como ele se sairia contra um deles", disse.
Confira
a entrevista com Dominick Cruz. O UFC Boston acontece neste domingo
(17), e terá transmissão ao vivo do Canal Combate a partir das
20h45 (horário de Brasília). Assine o Canal Combate e não perca!
Qual
a sua opinião sobre o TJ Dillashaw como atleta?
Ele
evoluiu muito desde os dias do TUF, está bem melhor. Está em boa
forma. Ele mistura os chutes, o wrestling e boxe. Ele é um campeão.
Ele é bom.
Muitas
pessoas comparam os estilos de vocês na hora do combate, com a
movimentação diferenciada e a velocidade. Como você se sente vendo
essas comparações?
Inicialmente,
me sinto elogiado por ele ter tirado tantas coisas do meu estilo para
virar campeão. Não lutamos exatamente do mesmo jeito, mas ele
entendeu os fundamentos do movimento e combinações. Tirou algumas
coisas do meu estilo, e adicionou isso ao arsenal dele quando me
machuquei. Não há dúvidas de que ele pegou, mas ainda lutamos de
um jeito diferente, e isso vai ficar claro na hora da luta.
Quais
as diferenças que você enxerga nas maneiras como vocês lutam?
Vou
mostrar na hora, mas posso falar antes, sem problemas. A maior
diferença é a reação e os estilos. Nossos tempos de reação são
diferentes, e temos diferentes técnicos. São mentes diferentes por
trás dos nossos treinamentos, então os estilos acabam sendo
diferentes.
O
que você espera do Dillashaw dentro do octógono? Muita
agressividade, ou talvez um jogo mais travado?
Se
eu me preocupar com o que ele vai fazer, não vou a lugar nenhum. Me
preocupo comigo e com o que eu farei. Se você fica pensando no que a
outra pessoa vai fazer, está se sabotando. Só vou tentar me ajustar
Você
teve um histórico de lesões, e fez um grande retorno com um nocaute
sobre Mizugaki em 2014. Agora faz um novo retorno, depois de se
machucar de novo. Além de ser uma disputa pelo título, o que muda
de um retorno para o outro?
Ele
(TJ) é mais completo, mais atlético. O Mizugaki é um grande
lutador, mas ele não é tão completo. Isso é uma diferença. Dessa
vez serão cinco rounds, é uma enorme diferença e é preciso fazer
um trabalho para se ajustar.
Em
entrevistas recentes você disse que entrava nessa luta sem nada a
perder, e até que o público acabou se esquecendo um pouco de você
por conta do tempo afastado. Como é isso?
As
pessoas não se lembravam quando eu estava fora antes. Agora eles se
lembram. É diferente agora que estou competindo novamente. Você
percebe o quanto esse esporte é simples. Você é relevante quando
compete, e não é quando não compete. As pessoas se lembram, mas
quando você para de lutar, ninguém se importa. Você pode ter 25
lutas na carreira, mas ninguém liga. Só se lembram de suas últimas
lutas. É um choque de realidade, porque mostra como as pessoas não
se importam muito, mas isso acaba te ajudando. As pessoas te julgam
de qualquer maneira, todo mundo tem opiniões. Estou desafiando a mim
mesmo.
Como
você avalia as mudanças que aconteceram na divisão desde a época
em que você era o campeão?
Agora
as coisas mudaram porque existe um cara que usa os mesmo fundamentos
que eu usava para ser campeão. Como campeão, ajudei a categoria a
evoluir, ajudei alguém a melhorar, e agora ele está fazendo isso
pela divisão. Ela só vai evoluir mais. Mas, quanto aos rankings, é
difícil avaliar. O Michael McDonald acabou de voltar. O Thomas
Almeida está indo bem. Também tem o Raphael Assunção, que é
sempre uma ameaça. O top 10 é muito bom, e acho que não era bem
assim quando eu era campeão. Venci muitos caras que mudaram de
divisão. Agora preciso me manter no topo contra esses caras novos.
E
qual a sua opinião sobre o Thomas Almeida?
Não
o conheço pessoalmente, mas ele parece legal. Como lutador, ele tem
boas reações, bons instintos, timing, e bom kickboxing. Ele tem um
jiu-jítsu bom para o estilo dele. É ofensivo a luta inteira, tem o
instinto matador. Acho que ele tem as ferramentas para chegar ao
topo, mas precisa ser mais testado contra outros estilos, e digo isso
porque isso é importante para manter o cinturão. Ao longo da
carreira, ele vai passar por todos os estilos. Temos muitos wrestlers
de alto nível na categoria, e gostaria de ver como ele se sairia
contra um deles.
Mas
serei honesto, qualquer um no top 10 pode chegar a disputar o título.
A questão é manter. E essa questão se responde pelos desafios que
o lutador enfrentou para chegar até ali. Os estilos que alguém
enfrentou definem se ele consegue manter o título.
Você
já veio ao Brasil algumas vezes como lutador convidado em eventos do
UFC. Quer deixar um recado para os fãs?
Ah,
cara. Quando estive aí, só tive amor. Foi demais. Mesmo quando
estava me preparando para enfrentar o Renan Barão, só recebi
carinho. Fiquei surpreso. Muito obrigado pelo apoio. Sinto que vim de
um começo humilde, e os brasileiros entendem e conseguem se
identificar com isso. Muitas coisas acontecem no país, e vocês
sempre se mantém humildes e com o pé no chão. Obrigado.
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