domingo, 17 de janeiro de 2016

Dominick Cruz Contra-Ataca "TJ Dillashaw copiou o meu estilo"

Lesões são parte recorrente do MMA. A notícia de um atleta machucado pode afetar um card ou mudar o rumo de toda uma divisão de peso, mas ninguém entende quanto uma lesão afeta uma carreira melhor do que Dominick Cruz.

Ex-campeão peso-galo do WEC e primeiro dono do cinturão da categoria no UFC, o norte-americano travou uma longa batalha contra uma série de lesões que o deixaram afastado do octógono durante anos. Agora, ele tenta retomar a coroa em luta contra TJ Dillashaw - atleta que, de acordo com muitos fãs e especialistas, tem o estilo de combate bastante similar ao do ex-campeão.

Leia também: A trajetória de Dominick Cruz | Dillashaw - De derrotado no TUF a campeão | Raphael Assunção assume torcida por Dillashaw

Em conversa com o UFC Brasil, Cruz admitiu que a comparação é válida, e não deixou de alfinetar o rival por "copiar" alguns de seus movimentos.

"Me sinto elogiado por ele ter tirado tantas coisas do meu estilo para virar campeão. Não lutamos exatamente do mesmo jeito, mas ele entendeu os fundamentos do movimento e combinações. Tirou algumas coisas do meu estilo, e adicionou isso ao arsenal dele quando me machuquei. Não há dúvidas de que ele pegou, mas ainda lutamos de um jeito diferente, e isso vai ficar claro na hora da luta", afirmou.

Desde que Cruz perdeu o posto de campeão linear, em 2014, a divisão passou por algumas mudanças. Além de o cinturão ter trocado de mãos duas vezes, indo de Renan Barão a TJ Dillashaw, o topo da categoria agora é composto por outros nomes. O norte-americano reconheceu o novo cenário, e até apontou a grande promessa brasileira, Thomas Almeida, como uma possível ameaça no nível mais alto até 61kg.

"Acho que ele tem as ferramentas para chegar ao topo, mas precisa ser mais testado contra outros estilos, e digo isso porque isso é importante para manter o cinturão. Ao longo da carreira, ele vai passar por todos os estilos. Temos muitos wrestlers de alto nível na categoria, e gostaria de ver como ele se sairia contra um deles", disse.

Confira a entrevista com Dominick Cruz. O UFC Boston acontece neste domingo (17), e terá transmissão ao vivo do Canal Combate a partir das 20h45 (horário de Brasília). Assine o Canal Combate e não perca!

Qual a sua opinião sobre o TJ Dillashaw como atleta?

Ele evoluiu muito desde os dias do TUF, está bem melhor. Está em boa forma. Ele mistura os chutes, o wrestling e boxe. Ele é um campeão. Ele é bom.

Muitas pessoas comparam os estilos de vocês na hora do combate, com a movimentação diferenciada e a velocidade. Como você se sente vendo essas comparações?

Inicialmente, me sinto elogiado por ele ter tirado tantas coisas do meu estilo para virar campeão. Não lutamos exatamente do mesmo jeito, mas ele entendeu os fundamentos do movimento e combinações. Tirou algumas coisas do meu estilo, e adicionou isso ao arsenal dele quando me machuquei. Não há dúvidas de que ele pegou, mas ainda lutamos de um jeito diferente, e isso vai ficar claro na hora da luta.

Quais as diferenças que você enxerga nas maneiras como vocês lutam?

Vou mostrar na hora, mas posso falar antes, sem problemas. A maior diferença é a reação e os estilos. Nossos tempos de reação são diferentes, e temos diferentes técnicos. São mentes diferentes por trás dos nossos treinamentos, então os estilos acabam sendo diferentes.

O que você espera do Dillashaw dentro do octógono? Muita agressividade, ou talvez um jogo mais travado?

Se eu me preocupar com o que ele vai fazer, não vou a lugar nenhum. Me preocupo comigo e com o que eu farei. Se você fica pensando no que a outra pessoa vai fazer, está se sabotando. Só vou tentar me ajustar

Você teve um histórico de lesões, e fez um grande retorno com um nocaute sobre Mizugaki em 2014. Agora faz um novo retorno, depois de se machucar de novo. Além de ser uma disputa pelo título, o que muda de um retorno para o outro?

Ele (TJ) é mais completo, mais atlético. O Mizugaki é um grande lutador, mas ele não é tão completo. Isso é uma diferença. Dessa vez serão cinco rounds, é uma enorme diferença e é preciso fazer um trabalho para se ajustar.

Em entrevistas recentes você disse que entrava nessa luta sem nada a perder, e até que o público acabou se esquecendo um pouco de você por conta do tempo afastado. Como é isso?



As pessoas não se lembravam quando eu estava fora antes. Agora eles se lembram. É diferente agora que estou competindo novamente. Você percebe o quanto esse esporte é simples. Você é relevante quando compete, e não é quando não compete. As pessoas se lembram, mas quando você para de lutar, ninguém se importa. Você pode ter 25 lutas na carreira, mas ninguém liga. Só se lembram de suas últimas lutas. É um choque de realidade, porque mostra como as pessoas não se importam muito, mas isso acaba te ajudando. As pessoas te julgam de qualquer maneira, todo mundo tem opiniões. Estou desafiando a mim mesmo. 

Como você avalia as mudanças que aconteceram na divisão desde a época em que você era o campeão?

Agora as coisas mudaram porque existe um cara que usa os mesmo fundamentos que eu usava para ser campeão. Como campeão, ajudei a categoria a evoluir, ajudei alguém a melhorar, e agora ele está fazendo isso pela divisão. Ela só vai evoluir mais. Mas, quanto aos rankings, é difícil avaliar. O Michael McDonald acabou de voltar. O Thomas Almeida está indo bem. Também tem o Raphael Assunção, que é sempre uma ameaça. O top 10 é muito bom, e acho que não era bem assim quando eu era campeão. Venci muitos caras que mudaram de divisão. Agora preciso me manter no topo contra esses caras novos.

E qual a sua opinião sobre o Thomas Almeida?

Não o conheço pessoalmente, mas ele parece legal. Como lutador, ele tem boas reações, bons instintos, timing, e bom kickboxing. Ele tem um jiu-jítsu bom para o estilo dele. É ofensivo a luta inteira, tem o instinto matador. Acho que ele tem as ferramentas para chegar ao topo, mas precisa ser mais testado contra outros estilos, e digo isso porque isso é importante para manter o cinturão. Ao longo da carreira, ele vai passar por todos os estilos. Temos muitos wrestlers de alto nível na categoria, e gostaria de ver como ele se sairia contra um deles.

Mas serei honesto, qualquer um no top 10 pode chegar a disputar o título. A questão é manter. E essa questão se responde pelos desafios que o lutador enfrentou para chegar até ali. Os estilos que alguém enfrentou definem se ele consegue manter o título.

Você já veio ao Brasil algumas vezes como lutador convidado em eventos do UFC. Quer deixar um recado para os fãs?

Ah, cara. Quando estive aí, só tive amor. Foi demais. Mesmo quando estava me preparando para enfrentar o Renan Barão, só recebi carinho. Fiquei surpreso. Muito obrigado pelo apoio. Sinto que vim de um começo humilde, e os brasileiros entendem e conseguem se identificar com isso. Muitas coisas acontecem no país, e vocês sempre se mantém humildes e com o pé no chão. Obrigado.

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